Se você acredita que essa alternativa é desumana, agressiva e abusiva, está muito enganado. Essa pode ser a única opção para salvar uma pessoa amada, e é prevista pela Lei Federal 13.840, de 05 de junho de 2019 – lei que garante os direitos de que um dependente químico seja internado contra a vontade. De acordo com essa lei o familiar ou terceiros pode solicitar a internação involuntária, desde que o pedido seja feito por escrito e aceito como procedente pelo médico psiquiatra.
A lei determina ainda que, nesses casos, os responsáveis técnicos do estabelecimento de saúde têm prazo de 72 horas para informar ao Ministério Público da comarca sobre a internação e seus motivos. O objetivo é evitar a possibilidade desse tipo de internação ser utilizado para a prática de cárcere privado.
A dependência química ou alcoólica é realmente delicada. Em alguns casos, seus sintomas chegam a um nível tão agressivo (principalmente para o estado psicológico) que o dependente simplesmente não reconhece a necessidade do tratamento, ficando integralmente submisso ao mundo das drogas ou álcool. Para casos como o exemplificado, a internação involuntária se torna a melhor, e muitas vezes, a única solução.
Como funciona a internação involuntária?
Esta forma de tratamento, um dos métodos realizados pelo Hospital Fiori, é recomendada para os indivíduos que chegaram a um grau tão alto de dependência ou transtorno psiquiátrico que já não reconhecem mais a necessidade de tratar a condição.
A visão médica não vai deixar o dependente químico se matar em nome do demagógico e fictício discurso em prol da liberdade de se fazer o que se quer. O médico, no mundo todo, não acha que é um direito do ser humano se matar, pois entende que esse paciente geralmente está doente e tem de ser tratado. Neste caso, o paciente simplesmente não aceita o fato de ser um dependente de álcool ou drogas, ele considera aquilo parte de sua rotina, e diante disso, suas conversas com familiares ou amigos que reconhecem o quadro de dependência não adiantam em nada.
Segundo o National Institute on Drug Abuse, EUA, considerada uma das instituições mais respeitadas do mundo nessa questão, a internação involuntária e/ou compulsória funciona tanto quanto a internação voluntária do paciente. Na publicação Principles of Drug Addiction Treatment: A Research-Based Guide (Princípios do Tratamento do Vício em Drogas: Um Guia Baseado em Pesquisa), o instituto apresenta quais são os princípios de um tratamento eficaz. Esse trabalho diz que “o tratamento não precisa ser voluntário para ser eficaz. Sanções ou incentivos impostos pela família, pelo ambiente de trabalho ou pelo sistema judicial podem aumentar significativamente a taxa de internação e de permanência – e finalmente o sucesso das intervenções de tratamento”.