A maconha é a droga ilícita mais usada no mundo. É extraída de uma planta chamada Cannabis sativa e o principal composto psicoativo é o delta-9-tetra-hidrocanabiol (THC).
A Cannabis sativa contém aproximadamente 400 substâncias químicas, entre as quais se destacam pelo menos 60 alcalóides conhecidos como canabinóides. Eles são os responsáveis pelos seus efeitos psíquicos e classificados em dois grupos: os canabinóides psicoativos (por exemplo, Delta-8-THC, Delta-9-THC e o seu metabólico ativo, conhecido como 11-hidróxi-Delta-9-THC) e os não-psicoativos (por exemplo, canabidiol e canabinol).
A maconha pode ser fumada como um cigarro (charro), mas também pode ser fumada num cachimbo seco ou um cano de água conhecido como um “bong”. Também pode ser misturada com alimentos e comida ou preparada como chá. Algumas vezes, os dependentes abrem os cigarros e tiram o tabaco, misturando‑o com erva, chamada uma “ganza”. Os charros e as ganzas são algumas vezes adicionados a outras drogas mais potentes, tais como o crack, cocaína ou PCP (fenciclidina, um alucinogénio muito poderoso).
Quando uma pessoa fuma um charro ou um cachimbo, normalmente sente os seus efeitos em minutos. As sensações imediatas — aumento do ritmo cardíaco, diminuição da coordenação e equilíbrio e um estado mental irreal e de “sonhador” — alcançam o seu auge nos primeiros 30 minutos. Estes efeitos a curto prazo desaparecem normalmente em duas ou três horas, mas podem durar mais tempo, dependendo da quantidade tomada pelo dependente, da potência do THC e da presença de outras drogas adicionadas à mistura.
Como o dependente inala mais fumo e o segura mais tempo do que faria com um cigarro, um charro cria um impacto severo nos pulmões da pessoa. À parte do incomodo que se associa à dor de garganta e resfriados, descobriu‑se que o consumo de um charro expõe tanto aos químicos produtores de cancro como se fumasse 4–5 cigarros.
As consequências mentais do uso da maconha são igualmente severas. Os dependentes de maconha têm memória e aptidão mental fraca. Estudos recentes em jovens que fumam maconha, encontraram anormalidades no cérebro relacionadas com a emoção, motivação e tomada de decisão.
Problemas na família, no trabalho e no relacionamento amoroso costumam ser as principais causas para que as pessoas entrem no mundo das drogas. A busca pelo prazer, pelo relaxamento e pelo alívio de tensões leva as pessoas a encontrar refúgio em drogas como a maconha, que é considerada leve e pode ser facilmente encontrada. Conhecida como natural e pouco nociva, a maconha é muito acessível e amplamente comercializada, ainda que seja ilegal.
Pessoas que estão desestabilizadas emocionalmente, no entanto, além de sofrerem ainda mais com os efeitos da droga, com a possibilidade de desenvolver síndrome do pânico e outros transtornos, têm ainda mais chance de se viciar, porque estão sempre em busca do prazer momentâneo que a droga pode oferecer.
É importante ressaltar que nenhum fato isolado é o responsável pelo uso de qualquer substância química. A pessoa que apela para a maconha, no caso, já vem de um estado psicológico fragilizado, que a levou a optar por usar uma substância química a fim de experimentar novas sensações e até fugir da realidade em que vive. Portanto, não se pode culpar exclusivamente uma situação ou alguém pelo vício de outra pessoa.
Principais complicações clínicas associadas ao consumo de maconha:
TRATAMENTO DEPENDÊNCIA DA MACONHAO tratamento para parar de usar drogas deve ser iniciado quando a pessoa apresenta dependência química que coloca em risco sua vida e traz danos para ela própria e seus familiares. Para que todo o processo aconteça de maneira plena e alcance os resultados esperados, é necessário que se utilizem medidas de internação. Em alguns casos é possível tratar sem internação, mas outros realmente só podem fazê-lo através do isolamento da sociedade. Isso acontece porque algumas pessoas antes precisam se fortificar para depois aprenderem a dizer não.
O tempo de internação é um período riquíssimo para o dependente porque é a partir disso que ele consegue se conhecer melhor e tomar medidas efetivas para transformar a própria vida e fazer com que a situação de vício realmente se torne um passado que a mente e o coração decidiram esquecer. Nossa proposta ao oferecer espaço para internação de dependentes é exatamente essa. Queremos colaborar com a decisão firme e consciente de abandonar o uso de maconha.
O internamento para tratar o vício por drogas pode acontecer de forma voluntária, quando a própria pessoa quer iniciar o tratamento, ou pode ser involuntário quando são os familiares que fazem um pedido ao médico para internar a pessoa contra a sua vontade, especialmente quando existe um risco elevado contra a sua vida e das pessoas que a rodeiam.
Durante a internação no Hospital, a equipe de profissionais trabalha em conjunto para achar a melhor combinação de tratamento para cada caso e, por isso o processo pode mudar de uma pessoa para outra. No entanto, algumas das formas de tratamento mais utilizadas incluem:
Os remédios para tratar o vício por drogas devem ser usados apenas com supervisão, 24 horas por dia, 7 dias por semana, para que a pessoa realize o tratamento corretamente e reduza os sintomas de abstinência. Inicialmente, para combater a “fissura”, que é o desejo iminente de usar a droga, podem ser usados remédios ansiolíticos e antidepressivos, por exemplo.
Embora o apoio e a ajuda da família seja muito importante e parte fundamental do tratamento contra a dependência de drogas, o acompanhamento com psiquiatra e psicólogo é também essencial para ajudar a abandonar o uso, pois oferece ferramentas úteis para que a própria pessoa consiga evitar o contato e o consumo das drogas, além de ajudar também a família, que aprende como conviver e ajudar a pessoa a continuar o tratamento.
Além disso, o usuário quando deixa de usar drogas passa por um período de abstinência em que enfrenta fortes sentimentos de ansiedade e diversos distúrbios emocionais e, por isso, é importante garantir que existe acompanhamento psicológico, para que a pessoa consiga gerir bem suas emoções, sem precisar recorrer às drogas.
Outro fator importante no combate ao vício das drogas é a mudança de comportamento, pois muitas vezes a realidade social da pessoa a faz querer consumir a droga, como se encontrar com alguns amigos que usam drogas e de frequentar os locais onde usava drogas. Para diminuir o risco de recaída, a pessoa precisa ser orientada no decorrer do tratamento a mudar seu estilo de vida.
Além disso deve-se evitar o contato mesmo com drogas mais leves e com as bebidas alcoólicas, pois elas também aumentam o risco de recaída.